REVIEW // Aristotle and Dante discover the secrets of the universe

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Aristotle and Dante discover the secrets of the universe // Benjamin Alire Sáenz // 2012 // Simon & Schuster // 359 p.

Sinopse

Aristotle is an angry teen with a brother in prison. Dante is a know-it-all who has an unusual way of looking at the world. When they meet at the swimming pool, they seem to have nothing in common. But as the two loners start spending time together, they discover that they share a special kind of friendship: the kind of friendship that changes lives and lasts a lifetime. And it is through their friendship that Ari and Dante will learn the most important truths about themselves and about the kind of people they want to be. 

Opinião

Eu sei que usar gifs provavelmente originados no Tumblr num post dito sério, em pleno 2016, é vergonhoso para dizer o mínimo. Mas é demasiado apropriado e nem me vou justificar. Fiquem com a puta do gif e deixem-me da mão.


Aristotle and Dante discover the secrets of the universe é daqueles livros que eu ia protelando porque tinha medo de não ser a altura certa para os ler - vocês sabem o tipo. Há qualquer coisa naquela pequena adição ao mundo que pede um momento especial para o adicionar à nossa vida.

Sim, eu também tenho a perfeita noção de que esta foi uma frase tremendamente lamechas. Reservo-me ao direito de ser brega duas vezes por ano, e 2016 está quase no fim.

Mas ponho as mãos no fogo ao apresentar-vos este como o melhor coming of age, senão o melhor livro de ficção juvenil que li nos últimos anos. A história de Aristotle, um rapaz com uma vida e uma mente conturbada a tentar fazer sentido de quem é, naquela fase confusa, complicada e solitária que é ser um adolescente, que conhece Dante - o seu perfeito oposto, mas com quem tudo passa a fazer mais sentido.

Num coming of age, ou em qualquer obra que se debruça sob o que é ser-se adolescente, é muito fácil cair em lugares-comuns e estereótipos com que os adolescentes nem se conseguem identificar - mas o Sáenz sabe. O Sáenz, abençoada caneta, compreende e consegue fazer compreender o quão frustrantemente lento e doloroso pode ser chegar a um consenso interior sobre a nossa identidade.

Isto é a face de um homem que sabe.
O pacing é assustadoramente adequado - tudo acontece a seu tempo, sem necessidade de arrastar ou apressar nada, e está sempre nas mãos das personagens e das suas decisões acerca delas mesmas e das outras. E, já que tocamos no assunto, as personagens.

Como não falar deles sem ter este fuzzy feeling a besourar? Ari e Dante são só as mais falhas, mais complicadas criaturinhas à face deste planeta - e o enredo trata os seus dilemas com a maior paciência e respeito possível e dá-lhes uma complexidade apaixonante e muito, muito espaço de manobra para crescerem, aprenderem e desenvolverem enquanto personagens e pessoas.

As famílias deles então, tenho mesmo de referir - como não adorar um livro em que as relações entre pais e filhos não estão resumidas a "ugh os meus pais são uma seca detesto-os" e que realmente apresenta as nuances de um lado e de outro, as razões pelas quais essa barreira existe e uma genuína preocupação de ambas as partes? Deixem-me só.

Chorar a um canto. (Imagem: Voidtate)
Li o bagaço de uma só vez em seis horas de praia e estou a relê-lo em viagens de autocarro - é uma obra de linguagem simples e uma história muito linear, fácil de seguir. O que só prova a minha longuíssima tese de que nada bate um storytelling apaixonante. Nem um vocabulário extensivo ou uma plot complexity de revirar a marmita: quando uma história vale a pena e há quem esteja ardentemente empenhado contá-la, isso conta mais do que tudo o resto.

Aristotle and Dante discover the secrets of the universe é um desses livros que tem algo de maior para contar. Na história simples de dois adolescentes esconde-se muito, muito mais que merece ser explorado, ponderado e, em última instância, guardado num cantinho permanente da nossa consciência. Trocando isto por miúdos, é um livro do cacete.

Em última nota, só tenho a acrescentar que nas minhas pesquisas por materiais para escrever esta tentativa de crítica em que acabo por não criticar nada muita bem pá deparei-me com este pequeno pedaço de informação:


Caralho. Alguém me agarre.

★★

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