World Fantasy Award abandona HP Lovecraft como imagem de prémio

15:34:00

Fonte: The Awl   

O World Fantasy Award, considerado um dos mais prestigiosos prémios de ficção especulativa, decidiu abandonar a figura do escritor HP Lovecraft como a imagem-modelo da sua estatueta. Esta mudança vem na sequência de uma petição encabeçada em 2014 por Daniel José Older, que urgia aos organizadores do WFA que repensassem o modelo da estatueta com que condecoravam os autores premiados, dado o historial de Lovecraft como um escritor racista.

While HP Lovecraft, whose head the current award is modeled after, did leave a lasting mark on speculative fiction, he was also an avowed racist and a terrible wordsmith. Many writers have spoken out about their discomfort with winning an award that lauds someone with such hideous opinions, most notably Nnedi Okorafor.  It's time to stop co-signing his bigotry and move sci-fi/fantasy out of the past. 
— Daniel José Older, na sua petição em change.org

A mudança foi anunciada no domingo dia 8 de novembro na World Fantasy Convention, onde a entrega de prémios se realiza e foi premiado, este ano, David Mitchell e a sua obra The Bone Clocks. Nenhuma razão foi apresentada para a mudança, e não existe ainda informação acerca da nova imagem. No entanto, através das redes sociais, escritores e fãs da literatura fantástica têm opiniões divididas: enquanto uns consideram descessário e uma ruptura do legado de um grande escritor de ficção, outros, Daniel José Older incluído, consideram isto um passo em frente para o género literário.

"Se a fantasia enquanto género realmente quer abraçar todos os seus fãs, e eu acredito que assim seja, não podemos continuar a celebrar um homem que usava a literatura como arma contra raças inteiras", escreveu Older em correspondência com o  The Guardian. Já em anos anteriores, vencedores e escritores nomeados para o prémio tinham expressado o seu desconforto para com a escolha de modelo: Nnedi Okorafor, vencedora em 2011, ficou chocada ao descobrir um poema pelo autor em que este descrevia pessoas negras como "bestas em figura semi-humana cheias de vícios". Sofia Samatar, vencedora em 2014, também o mencionou no seu discurso de aceitação, no qual afirmava que era "constrangedor aceitar aquele prémio, sendo ela uma escritora de cor".

A estatueta, até então modelada a partir de uma caricatura do escritor desenhada pelo cartoonista Gahan Wilson, será agora uma surpresa para os vencedores do próximo ano.

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