Salsa, Sevilha e Starbucks
02:52:00
Uma pessoa chega o verão e parece que morre. Pelo blog então, dá a ideia que faleci a partir do momento em que passei os portões do campus e só ressuscitei assim de repente como aquele mano daquela série para mandar uns bitaites sobre Homestuck e voltar a enterrar-me na caverna.
O que não é particularmente mentira, mas há uns dias a malta com quem faço um curso de pintura - o choque, o plot twist, a pessoa faz alguma coisa que não ir às vezes à universidade beber café e atualizar o blog de ano a ano - informou-me que a viagem de final de ano letivo deste ano tinha Sevilha como destino.
Vamos laurear a pevide em Espanha?
Como curiosidade inicial, saibam que o meu espírito de viagem basicamente consiste em enfiar uns quantos essenciais numa mochila, cuja relação tempo de viagem/volume de coisas a utilizar está sempre em escassez porque eu sou um desastre, e aparecer no dia e hora marcados para apanhar o transporte de eleição para o efeito. Só.
Assim, a minha mala consistia num almoço leve porque sou pobre as fuck e destinos turísticos metem folhados de salsicha a preço de diamantes africanos, um livro, a carteira, o telemóvel, e o meu atual magnum opus: a Canon 750d que prezo mais que a minha vida e uma lente de 50mm que requisitei da minha escola e que mal sabem eles que levei para o estrangeiro. Podia ter corrido muito mal.
Isto, até uma pessoa mais precavida que eu ter a brilhante ideia de ir ver a meteorologia e constatar que as temperaturas chegavam aos quarenta graus no dia previsto para a viagem.
Cacete. Estava tanto calor. |
Mal sabia eu ao bater das duas da tarde, nós seríamos os estrangeiros branquinhos de quem os locais troçam.
Enquanto estivémos no Museo de Bellas Artes, a coisa ainda estava tranquila (dir-se-ia favorável); um ambiente climatizado é sempre bom para se ver obras de arte, ter o mano de Belas Artes a explicar o significado de pinhas e Virgens Marias a surfar em luas e tirar fotos a detalhes que posteriormente serviriam de meme no chat de grupo.
A foto está uma merda, mas não podia passar esta oportunidade de um ancient facepalm. |
Porém, não querendo ser aquele tipo de turistas que vai a sítios que não conhece passar a vida em McDonalds e em esplanadas a beber Ice Tea e a atualizar o Facebook, lá fizémos o mais herculano dos esforços para levantar o rabo do banco e palmilhar metade da cidade a tentar encontrar a Plaza de España - recorrendo a uma foto que tirámos a um mapa numa loja de souvenirs porque não queríamos pagar os três euros que nos cobravam pelo bagaço.
Não percebemos porque é que nos cansávamos a cada dez passos, e porque é que ao fim de cinquenta metros tínhamos de procurar desesperadamente um pouso à sombra para nos sentarmos - até que, posteriormente, uma simpática senhora francesa nos informou que não tinham estado quarenta, mas quarenta e oito graus ao sol.
Como não morremos de hipertermia é coisa que sinceramente me escapa.
Finalmente chegarmos a Plaza de España foi o melhor sentimento que alguma vez me assolou - uma mistura de alívio, felicidade, assombramento porque o lugar é realmente bonito, e um pico de atordoamento derivado provavelmente do início de uma insolação.
E, visto que a classe turística estava toda a tomar banho na fonte central que nem consumidores regulares de LSD que pensam ser nadadores olímpicos, juntámo-nos à festa e demolhámos os pés cansados. Não há fotos da minha face nessa situação porque parecia ter acabado um turno na cozinha de um restaurante de fast food - suava e mandava óleo de todos os poros da pele. É a vida.
"Cacete mano espera aí que gosto deste detalhe parece azulejo." "Como assim. Tens noção que o palácio é literalmente todo azulejo." "Vens à minha casa. Desrespeitas-me desta maneira." |
Foto hipster nº 242245 aka Instafeature Bait. |
Eu sei que está queimada. Eu sei que é a típica foto de turista. Mas não resisti, k? K. |
E como despedida, fiquem com a mais espanhola das canções que alguma vez ouvi.
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